domingo, 7 de setembro de 2008

Canção do amor demais

Na próxima edição da Revista Wave – que será atualizada na íntegra na terça-feira, mas que já conta com algumas novas matérias no ar -, publicarei dois textos sobre música que interessarão os leitores do Camisa Amarela, acredito. Minhas impressões sobre as 10 canções liberadas para download do aguardado novo disco do Marcelo Camelo e uma espécie de perfil opinativo sobre o recém-finado cantor brega Waldick Soriano.

Aparentemente antagônicos, há certas semelhanças entre os dois artistas que penso ser interessante mencionar. Tanto Marcelo quanto Waldick possuem em comum a problemática de aceitação e de divisores agudos de opinião: o “ame ou odeie” cabe perfeitamente na trajetória de ambos e os argumentos prós podem ser tão eficazes quanto os contras. A mesma perseverança religiosa com a que os fãs dos Los Hermanos devotavam ao ex-grupo de Marcelo corresponde ao fervor e ardor sentimental que Waldick, décadas após seus grandes momentos, costumava presenciar (e presentear) em seus últimos shows, principalmente no Nordeste, onde sempre foi rei.

Ambos cantavam as agruras do amor sem medo de soarem ridículos. Porém, se Waldick optou por reciclar o mesmo tema durantes anos e foi vítima do desprezo intelectual dos pensadores da música popular brasileira, há em Marcelo a possibilidade de ascender para essa classe que tanto rejeitou o cafona Waldick. O que provavelmente incitará novos preconceitos: vista como elitista, arrogante e setorizada, a MPB continua a provocar uma total falta de entrosamento com o público brasileiro. Marcelo, carioca, jovem e talentoso, carrega o estigma de herói universitário, apreciador do samba e revitalizador das nossas tradições musicais – o que causa repulsa em muita gente; a quem você acha que Lobão se refere na já famosa entrevista para o Jornal do Brasil ("aquele jornal que existia no Rio e que ainda existe", brincou recentemente Caetano) quando diz que “Tem que parar com essa coisa de ficar lambendo o saco de universotário marxista branquelo, essa coisa loser manos, petista, que virou maioria no Brasil. Porque o Brasil é o país da culpa católica, um país em que se valorizam as pessoas feias”?

Enfim, maiores discussões serão encontradas nos textos do site. Há mais a falar, mas confesso que nesse fim de semana vi-me envolvido por uma preguiça absurda e esperarei que alguma força estranha no ar (para citar Roberto Carlos – ou Caetano, não é? - que coincidentemente, apareceu na minha playlist no exato momento) motive meus próximos dias. Até lá.

*Aliás, a tal preguiça deve ter surgido por conta dessa sensação – citando Camelo em “Copacabana” - de que “meu coração tá com jeito de bem me quer, mulher”. Então fica tudo relegado instantaneamente em segundo plano. O leitor, um voraz apaixonado, acredito eu, entenderá.

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